5 de novembro de 2012

Física, Sociologia e a toca do coelho: A interdisciplinaridade.

. Em muitos sentidos as ciências modernas, em particular as ciências sociais, lembram a instigante escrita de Charles Lutwidges Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll, autor do livro clássico: Alice no país das maravilhas.
.A interdisciplinaridade e o recorrente debate entre o individuo e o todo lembra muito, também, outro campo de conhecimento no qual gosto muito: a ciência da Física. Em macroescala o mundo, tal como a sociedade, se revela de uma maneira, mas em nanoescala, tanto o individuo formador da sociedade, bem como partículas formadoras de matéria, se comportam peraltamente diferente, e o paradoxo aparentes nesses casos é que uma coisa não pode ser isolada da outra: ambas formam um continuo indissociável.
 Quase sempre estamos condicionados, por exemplo, a pensar o universo assim como a sociedade global, como algo lá fora para além da lua o que sugere a incompletude da revolução copérnica. Wright Mills já nos alertava que a historia do homem moderno era a global e não local. Bastava uma imaginação sociológica. É possível que nossa estrutura psíquica cotidiana por força do hábito e das circunstancias continue a operar de forma aristotélica. Ainda que para fazer justiça ao aristotelismo seja necessário reconhecer que, no entendimento do pai da lógica, o reino do caos ia até a região da Lua. Além dela reinava a perfeição.
 Em rarissimas oportunidades nos ocorre pensar que somos uma sofisticada, é verdade, construção molecular, ao menos num sentido bioquímico. Os átomos de ferro presentes no nosso sangue foram formados em gigantescas estrelas, quando estas explodiram em supernovas. Se os átomos do seu corpo possui tanta historia assim, o que dizer então da historia sociológica que compõem esse artigo? Quantos livros eu li para conceber esse texto? E Quantos encontros sociais os autores desses livros tiveram para finalizar suas obras? Toda essa história social se convergiu nessa leitura.
 O universo formou o meu e o seu corpo, mas será que a sociedade – o nosso finito universo - também formatou o que nós, indivíduos sociais, somos? Sorte da Alice que não tinha tantas perguntas assim.
O que ocorre basicamente é que quase sempre somos incapazes de fazer interagir o conhecimento que trazemos do ensino escolar para conceber novas realidades críticas e, com isso, ampliarmos a percepção do mundo. De certa maneira, colocar os olhos pra fora da caverna nós da a impressão que tudo parece irreal e sem ultrapassar essa dificuldade de compor os elementos que estruturam uma realidade não teremos como atravessa-la imaginativa e criticamente, para irmos além das aparências e mergulharmos na toca do coelho, como escreveu Dodgson para um encontro com a estranha intimidade das coisas.
 Talcott Parsons, sociólogo, e Albert Einstein, físico, não eram amigos de estudos, mas ambos partilhavam um desejo: Conceber a Teoria Geral, A Grande Teoria que propunha explicar a lacuna que liga os aspectos micros com os macros: A Alice e a sociedade, as partículas elementares com a própria Alice. Poderíamos avançar muito na evidente importância da interdisciplinaridade com a Sociologia e a Física nos dando perspectivas de um território de investigação amplo,fascinante e surpreendentemente sem fronteiras.
Entretanto, o essencial, talvez, seja imaginar que com alguma sorte, por acidente de percurso, de alguma maneira caímos na toca do coelho. A mesma toca em que, um dia, a distraída Alice mergulhou para se dar conta de outra existência.
Nos vemos no futuro !

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